terça-feira, 21 de junho de 2011

Loucura de Uma Insana Consciência

Eu me sinto tão doido
Mas tão louco,
Mas tão insano...

Tão diferente
E ao mesmo tempo
Igualmente indiferente

Inerente às vezes...

Aos vezes, aos mais
E outras aos dividendos
Divididos, às progressões 
Mandou-nos: 
"...multiplicai-vos..."

Ciência de uma religião
Réu
Culpado por simplória jurisdição
Justiça
Aglutinação por justa posição

Eu acho
Insana consciência
Tênue separação
No meio
Cultura ou paciência? 

Insana consciência,
Tênue separação
Entre cultura e minha ciência


Mais tão louco
Mais tão doido
E às vezes tão insano
Que cultuo a minha própria espiritualidade
Às vezes acho e, somente às vezes
Ter atravessado o limiar da loucura
Produto do momento que tenho plena consciência
Da minha insanidade.

Autoepitáfio

    Você não acha que, no mínimo, escrever seu próprio epitáfio é ao máximo pretensioso? Estou falando no caso descrito por alguns dicionários como "tipo de poesia, nem sempre de inscrição lapidar, que encerra um lamento pela morte de outrem, ou com notada intenção satírica, que trata de um vivo como se estivesse morto". Digo daqueles que fogem à regra, fogem do simples "Aqui jaz... bom filho... grande Pai e irmão de toda a humanidade. 0 à 33+”. Nada mais pretensioso que querer exemplificar com o suposto epitáfio do maior homem que já pisou na Terra, não é mesmo?

    Voltemos então à questão de possuir um epitáfio singular, único. Tal resultado até poderia ser obtido por uma funerária que em seu “pacote master” tivesse como um dos itens diferenciados: 6. Epitáfio inédito – pela primeira vez no cemitério da sua cidade. Mas será que o profissional incumbido de tal proeza seria capaz de apreender toda a essência que você deflagrou por toda a sua existência? Quem poderia escrever tudo de relevante como o qual gostaria de ser lembrado pela eternidade que perdure o seu jazigo? Ah! Não sei escrever! Não tenho o dom! Faça uma gravação e transcreva da melhor forma, sei lá! Mas sintetize o contexto em que você se viu verdadeiramente durante a sua passagem, passagem por canais e canais. Passagem a passagem você foi ganhando listras em sua impressão digital e, ao mesmo tempo, perdendo-as quando impressas por onde passou.

    Você pode ter ajudado uma mulher dar a luz em um beco ou ter acompanhado sua própria esposa a uma clínica para cometer um aborto. Pode ter ajudado a salvar uma vida ou ter sido complacente com um assassinato, tenha sido ele vital, moral ou espiritual. Pode ter ajudado na cura do câncer ou transmitido o vírus HIV conscientemente. Cada uma dessas situações isoladas viajou para uma parte de seu cérebro chamada hipocampo, que integrou essas percepções conforme foram ocorrendo em uma única experiência - sua experiência com aquela determinada pessoa. Os especialistas acreditam que o hipocampo, juntamente com outra parte do cérebro chamada de córtex frontal, é responsável por analisar essas diversas entradas sensoriais e decidir se vale a pena lembrar delas. O que vale ser lembrado? Somente as coisas boas? O que eu quero dizer é que no seu autoepitáfio você não tem o direito, mas o dever, a obrigação de escrever, pelo menos, dois arrependimentos. Já que todo mundo que morre vira, no mínimo, gente boa, será que não vale ser lembrado por ter se arrependido? Só sei de uma coisa, nesse registro não vale usar de eufemismos. Seja direto ao registrar erros ou arrependimentos, ou os dois simultaneamente. Ou “melhor”, somente arrependimentos, pois se tratando de erros que cometi, dentre muitos, uns com namoradas em gestações não planejadas, sou hoje pai de três filhos (cada um com uma diferente, diga-se de passagem) e não me arrependo nem por um segundo, talvez por um frame quando recebo meu contracheque.

    De outros erros me formei criança, com mais alguns cheguei à adolescência e foi nesse período que enchi minha mochila. Livrei-me de parte dela, a outra ainda que pequena, carrego até hoje na minha formação de conceitos enquanto amadureço e, sou hoje quase um homem. Assim defino por ser um conceito, ao meu ver, inalcançável nos tempos de hoje. O mesmo penso quando vejo que me formei em comunicação social e quase fui um jornalista. Jornalista, hoje em dia, sei não... Mas digo, jornalista mesmo... em seu conceito pleno, sei não... mas essa é uma outra estória.

    Acabei de falar com uma amiga e ela disse “voltemos" "é a tua cara”. Então, contrariando-a. Pois bem, lembre-se do quê estamos tratando no momento. QUE SUPER-HOMEM QUE NADA! MUITO MENOS OS RUMOS DA PROFISSÃO DE JORNALISTA! Estamos querendo escrever nosso próprio epitáfio, lembra? E que conste nele, no mínimo, dois arrependimentos. Desculpe-me os devaneios! Mas não tem como não pensar na minha trajetória também. Estou nessa. E estando nessa acabei de ter um insight. Será que se identificarmos que o texto escrito na lápide é autoria do próprio “inquilino” não daria uma dose de humildade ao propósito? O mesmo não seria mais bem quisto se quem lesse tivesse ciência do autoepitáfio? O quê vocês acham? “Aqui jaz... bom filho, amante e marido ausente... ator do pensamento da raça ariana superior... responsável pela morte de mais de dez milhões de pessoas que não se enquadravam em tal conceito (aí vêm os arrependimentos) intemente ao inverno Russo e às forças aliadas. 1889 à 1945+A. H.” Não ajudou muito esse cara aí, né? O desse aí, tenha dó!
 
    Nossa! Comecei tudo isso, pois pensei em escrever o meu. Desenvolvendo a ideia bateu um arrependimento. Nada que vá constar em minha lápide, até por que não terei uma, mas juro que esse insight de assinar como autor humildificaria os hieróglifos que vão compor a minha urna. Sim, U R N A! Quero ser cremado. Mas não quero ser jogado ao vento ou ao mar. E para achar meus restos mortais de novo? E para me juntar? E quando alguém quiser me visitar? Humpf! Pensa aí. Depois de um ano, corrente na internet pra procurar Memenso (como familiares e amigos me chamam). Quem que vai?! Rei morto, rei posto!

    Por isso, cremação e depois urninha confortável. Ser enterrado, nunca! Explico o porquê. Tem a ver com hombridade, opção sexual, reputação, e claro, medo, muito medo. Afinal, eu sou homem. Um ser de coragem é a mulher, meu irmão! Mulher é sem palavras, não dá para definir a fibra, a presença de espírito. Sim, sim, estou enrolando, mas lá vai. O medo se deve a um almoço que aconteceu em família. Eu era criança e o prato era Tatu ao Leite de Coco. Eis que ouço um sussurro depois do anúncio do “tá na mesa!.” “Vixe! Tatuuu! Pode ser Tatu Peba (em maiúsculo por que deve ser a marca do Tatu, portanto nome próprio). E Tatu Peba come defunto, continuou.” Ah! Meu irmãozinho! Não troquei quando era criança, não virei gay enquanto adolescente (nada contra, vou logo colocando aqui, pois ainda não consegui delimitar homofobismo, mas essa é outra estória)... Então, não troquei quando era criança, não virei gay na adolescência, já me embriaguei umas duas (centenas) vezes depois de velho e nada! Vão cismar de me comer depois de morto, meu cumpade! E ser comido por um Tatu. Os Mamonas Assassinas com certeza iriam se revirar no túmulo. Logo eu, desonraria os “lombálgicos” predadores da raça. A vingança dos cascudos recairia logo sobre mim. Estarás louco! Cansei de ouvir meu pai rogando uma pérola quando alguém oferecia trocar alguma coisa com ele. “Não troquei quando era criança, vou trocar depois de velho, meu filho”, diz ele até hoje. Com essa criação e com os almoços exóticos em família, só me resta providenciar uma urna bem legal que caiba, além dos meus restos mortais, aquela crônica ensaio-descritivo-crítico-dissertativo-narrativa”, porém sintética, que irá compor o meu autoepitáfio.

Autoepitáfio

Do pó eu vim, ao pó teria que retornar.
Filho abastado
de felicidade
(pensou logo em família rica)
de uma Inácia que não tratei como merecia.
(eufemismo, desculpe-me)
Mulher guerreira e acolhedora
 Desse último de um pai nem tanto
Irmão de três irmãos maravilhosos
Stela, Thiago e Abdoral Júnior.
Desse último, mais filho do quê irmão.
De todas as passagens atravessadas nessa passagem
não deixei maiores conseqüências, nem boas, nem ruins.
(eufemismo, é fogo escrever que não fez nada de relevante na vida)
Coube como uma luva nas tendências
que surgiram no meu tempo.
Enquanto pai, ausente
Enquanto presente, “paiaço”
De sorriso lindo sobrevivi
(elas que diziam)
Sempre adorei fazer rir
Boêmio por descendência
Espero que já esteja gelada
em minha ascendência.
Aos amigos faço o convite
A carne já está no fogo e
Graças à Deus não é a minha
Então não demorem
Já estou com saudade
Com pandeiro na mão
O único jeito
de deixar minha cidade
O malandro mais gente boa da Ilha de São Luís
De coração imenso
O mais conhecido
Vulgo Memenso

Emerson Ferreira Martins
Jornalista DRT OOOO931 SRTE-MA
20 de março de 1979                                24 de maio de 2011+  

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Priorizar ao Inverso

Eu queria por menos de um dia ser sua prioridade nem que fosse por uma noite inteira.